Emissões líquidas zero: o papel da bioenergia

Emissões líquidas zero: o papel da bioenergia

Como atingir as emissões líquidas zero? A bioenergia tem um papel importante no alcance dessa meta.

Qual o papel da bioenergia para o atingimento das emissões líquidas zero? A bioenergia representa, atualmente, dois terços do consumo de energia renovável em todo o mundo e 12% do consumo final de energia.

A energia produzida a partir da biomassa tem alta eficiência energética e baixa emissão de CO2, sendo uma opção para a descarbonização das matrizes energéticas. Segundo o relatório recente da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), até 2050, a bioenergia pode representar um quarto da oferta total de energia primária. Contudo, para que isso aconteça, é preciso de desenvolvimento e investimento no setor.

As emissões líquidas zero e a oportunidade com a bioenergia

A descarbonização vai exigir mudanças profundas em quase todos os setores da economia, principalmente no setor de transportes, de energia e serviços públicos que terão um papel central na maioria desses esforços.

A bioenergia tem um enorme potencial, mas é preciso que haja um desenvolvimento. Por exemplo, é fundamental que a bioenergia moderna aumente seu uso até o final de 2030. Ou seja, é preciso mais biomassa e biogás para aquecimento e indústria, com ampliação do uso de biocombustíveis líquidos e biometano no setor de transporte.

Mas há desafios para essa ampliação e um deles é o custo. Combustíveis de base biológica custam mais que os fósseis, aumentando a barreira de entrada ao mercado. Além disso, os produtores precisam de investimentos para manter a sustentabilidade exigida e garantir a rentabilidade para as empresas.

Segundo a Irena, a bioenergia vem aumentando sua participação significativamente nos últimos anos, especialmente no Brasil, China, União Europeia e Estados Unidos. No entanto, a taxa de crescimento ainda está bem abaixo do necessário para atingir as metas de emissões líquidas zero.

Seguindo as tendências e mudanças de comportamento, a eletrificação da economia criará uma nova demanda em empresas de energia. Assim, será possível ampliar as fontes renováveis de carbono zero como a bioenergia. Segundo a empresa norueguesa Statkraft, a procura de eletricidade deve duplicar até 2050, sendo que o uso deve crescer 20 vezes no transporte, 66% nos edifícios e 40% na indústria.

As ações realizadas pelo Brasil

Durante a COP26, o Brasil assumiu um novo compromisso de mitigar 50% de suas emissões de gases do efeito estufa (GEE) até 2030. Porém, o valor é insuficiente para alcançar o objetivo de manter o aumento da temperatura do planeta em até 1,5ºC comparado aos níveis pré-industriais.

A participação de combustíveis fósseis na matriz energética brasileira cresceu 12,4% em 2021, em razão da crise hídrica, enquanto as renováveis tiveram queda de 3,8% na oferta interna de energia — totalizando 44,7% da matriz.

O Programa Metano Zero é uma iniciativa do Governo Federal que tem o objetivo de promover a redução da emissão de metano em consonância com o desenvolvimento sustentável, além do incentivo ao uso do biometano e biogás, que contribuirão para o crescimento verde.

Embora o país esteja desenvolvendo ações para aumentar o uso de energias renováveis e diminuição de emissões de CO2 em alguns setores, as emissões gerais do país podem aumentar nos próximos anos devido ao desmatamento. Segundo um estudo do Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o valor pode aumentar em 137%.

Para que as emissões líquidas sejam zeradas, será preciso a eliminação progressiva dos subsídios aos combustíveis fósseis, políticas de precificação do carbono, políticas para reduzir impostos sobre a bioenergia e medidas para facilitar o financiamento. Para entender melhor sobre o assunto, leia o conteúdo sobre os desafios da transição para uma economia de baixo carbono.