O Brasil, um país reconhecido por sua riqueza em recursos naturais e potencial energético renovável, está se posicionando como líder na transição para uma economia de baixo carbono. Neste contexto, o biometano e o hidrogênio verde emergem como protagonistas, prometendo revolucionar o panorama energético nacional. O biometano, obtido através da digestão anaeróbica de resíduos orgânicos, oferece uma alternativa renovável e sustentável ao uso de combustíveis fósseis. Por outro lado, o hidrogênio verde, produzido pela eletrólise da água utilizando energia limpa, apresenta-se como uma solução inovadora para a descarbonização de setores industriais intensivos em emissões de carbono.
A transição energética brasileira, contudo, enfrenta desafios significativos, especialmente no que tange à infraestrutura, investimentos e políticas públicas. Neste cenário, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desempenha um papel crucial, não apenas financiando projetos inovadores, mas também fomentando um ambiente propício ao desenvolvimento sustentável. Este artigo explora a trajetória do Brasil rumo à adoção do biometano e do hidrogênio verde, destacando o papel estratégico do BNDES e as perspectivas futuras para essas fontes de energia.
O Papel do BNDES e o Mapeamento de Projetos
A diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa, ressalta a importância de priorizar projetos de biometano e combustível sustentável de aviação (SAF) antes de avançar para o hidrogênio verde. Segundo ela, o Brasil já possui um mapeamento de cerca de US$ 10 bilhões em projetos de biocombustíveis para os próximos anos, evidenciando o compromisso do país com a transição energética.
O biometano surge como uma aposta segura para o BNDES, dada a sua viabilidade econômica sem a necessidade de subsídios significativos. A abundância de insumos sucroenergéticos e da produção agropecuária brasileira oferece uma base sólida para a produção competitiva de biometano, que pode ser facilmente integrado à rede de gás natural existente. Este enfoque não apenas reforça o compromisso do Brasil com a sustentabilidade, mas também promove a segurança energética nacional.
Investimentos e Desafios do Biometano e SAF
O BNDES já investiu mais de R$ 600 milhões em projetos de biometano, demonstrando a confiança no potencial deste biocombustível como vetor de descarbonização. Além disso, o SAF é identificado como um elemento chave para a redução das emissões de carbono no setor de aviação, um dos mais desafiadores em termos de descarbonização. Contudo, a diretora do BNDES adverte que, apesar do potencial do SAF, os Estados Unidos podem liderar essa transição devido à maior disponibilidade de incentivos fiscais e financeiros para o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis de aviação.
O Futuro do Hidrogênio Verde no Brasil
Embora o hidrogênio verde represente uma promessa para a descarbonização de setores industriais pesados, sua produção em larga escala ainda é desafiadora, principalmente devido aos altos custos associados. Neste contexto, o BNDES, em colaboração com o Banco Mundial, é visto como um catalisador essencial para o desenvolvimento inicial de hubs de hidrogênio verde no Brasil. A experiência prévia do BNDES no financiamento de grandes projetos de infraestrutura e energia renovável é fundamental para mitigar os riscos e incertezas inerentes a esses empreendimentos pioneiros.
A transição para uma economia verde no Brasil é uma jornada complexa, que requer o comprometimento de diversos setores da sociedade, além de investimentos substanciais e políticas públicas eficazes. O BNDES, ao priorizar o biometano e o SAF, e ao apoiar o desenvolvimento do hidrogênio verde, desempenha um papel vital nesse processo, assegurando que o Brasil não apenas alcance suas metas de descarbonização, mas também fortaleça sua posição como líder em energia renovável no cenário global.