Mercado livre de energia: como o setor está impulsionando o consumo energético?

Mercado livre de energia

Com a pandemia da Covid-19, o direcionamento dos aportes ficou ainda maior para o mercado livre de energia. Entenda como essa mudança impulsionou o setor.

Como anda o desenvolvimento do mercado livre de energia no Brasil? Ao final de 2020, segundo os dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), houve queda de 1,6% no consumo de energia no país. Embora o consumo tenha aumentado 1,8% em fevereiro de 2021, em relação ao mesmo período do ano anterior, as incertezas quanto ao rumo da pandemia e novos decretos de lockdown em várias cidades do país, trazem incertezas para a recuperação do setor.

Contudo, o aumento observado tanto em janeiro quanto em fevereiro deste ano, deve-se à alta do Ambiente de Contratação Livre (ACL). Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), os aumentos expressivos do mercado livre de energia ocorreram desde agosto de 2020. Já no mercado cativo, houve retração.

O crescimento do mercado livre de energia

A Associação Brasileira de Comercializadores de Energia (Abraceel) destacou que o crescimento do mercado livre no último ano proporcionou uma economia de 34% para os consumidores e movimentou R$ 134 bilhões, aumento de 6% em relação a 2019. Em janeiro de 2021, por exemplo, houve 157 migrações de consumidores especiais e 15 de consumidores livres, totalizando 162 empresas ingressantes no Ambiente de Contratação Livre (ACL).

Boa parte do crescimento do ACL, no entanto, se explica pela migração de consumidores entre os segmentos. Na análise regional, o submercado Sudeste/Centro-Oeste apresentou alta de 3,3%, influenciado pela expansão dos estados de Minas Gerais (5%) e São Paulo (6%). Juntos eles representavam 38,5% do consumo do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Desconsiderando o efeito das migrações, 11 dos 15 ramos de atividades analisados apresentaram crescimento na prévia de fevereiro. Os destaques são de crescimento de 9,5% para minerais não metálicos, 7% para metalurgia e produtos de metal, 6,4% para Químicos e 6% para extração de minerais metálicos.

Já nos segmentos houve retração. Queda de 7,5% no setor de serviços, o transporte caiu 6,3%, o comércio 3,5% e telecomunicações teve queda de 2%. A geração de energia avançou 1,9%, no Sistema Interligado Nacional. Foram produzidos 70.670 MW médios e consumidos 66.810 MW médios em fevereiro de 2021.

Quais as expectativas para o setor?

O mercado livre de energia está em pleno crescimento. De acordo com o estudo feito pela Abracell, em Minas Gerais, por exemplo, 93% do parque gerador em construção é destinado ao mercado livre.

Com a pandemia, o direcionamento dos aportes ficou ainda maior para o mercado livre. Até três anos atrás, a expansão era feita para o mercado regulado. Mas, com os mecanismos de financiamento para projetos, essa dinâmica mudou. Hoje, praticamente tudo que está em construção no Brasil é para o mercado livre. Nos últimos quatro anos, a média foi de 70% dos investimentos para o setor.

Embora haja um atraso na abertura do mercado, se essa mudança ocorresse, pelo menos, no setor produtivo, seria possível gerar mais de 400 mil empregos e R$ 7 bilhões de economia nas contas. Vale ressaltar que a diferença entre a energia do mercado regulado e a do mercado livre pode chegar a uma redução de 20% a 30% nos preços da energia tarifada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Assim, podemos perceber como a pandemia modificou a forma de consumir energia e como as empresas precisaram se reorganizar para gerar energia e manter a produção durante a crise. A expectativa é de que o mercado livre continue se desenvolvendo, principalmente, para atingir o consumidor final nas residências.