Brasil no G20: liderando a revolução verde global

Brasil no G20: liderando a revolução verde global

A presidência brasileira no G20 e a busca por um futuro sustentável.

Hoje, 1º de dezembro, o Brasil iniciou seu mandato na presidência do G20, o influente grupo que congrega as dezenove principais economias globais, além da União Europeia e da União Africana. Este período de liderança, que se estenderá até 30 de novembro de 2024, marca a primeira vez que o país ocupa tal posição. Durante este ano, o Brasil tem como foco prioritário promover a transição para energias sustentáveis, impulsionar mudanças na governança global e redobrar os esforços para combater a desigualdade e a fome.

A presidência do Brasil no G20 em 2023, sob o tema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”, destaca a importância da ação coletiva na luta contra a crise climática. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e a Convenção de Mudança do Clima (UNFCCC) alertam para a urgência de acelerar esforços globais para evitar consequências catastróficas. A COP28 em Dubai ressalta essa necessidade crítica.

Os danos econômicos e humanos da inação climática são alarmantes. Em 2022, perdas econômicas de mais de US$ 313 bilhões foram reportadas, com a possibilidade de milhões de brasileiros enfrentarem pobreza extrema até 2030 devido a choques climáticos, segundo o Banco Mundial. A transição para economias neutras em carbono até 2030 requer investimentos significativos, especialmente em economias emergentes, que atualmente recebem menos de 27% dos fundos necessários.

Os países do G20 são vitais nesse cenário, respondendo por cerca de 70% das emissões globais de gases de efeito estufa e 80% do PIB global. O G20 evoluiu para incluir mudanças climáticas em sua agenda, abrindo caminhos para ações concretas em áreas como energia, agricultura e finanças. Iniciativas como as Trilhas Sherpa e de Finanças do G20 oferecem plataformas para avanços significativos em sustentabilidade e financiamento climático.

Como líder do G20, o Brasil tem a oportunidade de impulsionar políticas ambiciosas, investimentos e inovações que atendam à crise climática e ao desenvolvimento sustentável. A posição do Brasil é única, dada a sua riqueza em recursos naturais e capacidade institucional, colocando-o como um potencial protagonista em soluções climáticas.

A agenda do G20 sob liderança brasileira deve focar em sinergia e eficácia entre os diversos grupos de trabalho, incentivando ações positivas e monitorando os progressos em investimentos para a transição climática. A expansão do financiamento sustentável em países em desenvolvimento e a cooperação internacional são essenciais para enfrentar a crise climática global.

Os avanços do G20 no Brasil devem se refletir em uma visão clara e em uma trajetória de implementação até 2025, coincidindo com a presidência do G20 da África do Sul e a COP30 no Brasil. Este período crucial exige liderança pragmática e ativa, colocando o futuro e a sustentabilidade no centro da agenda política brasileira e global.

Este momento histórico para o Brasil no G20 representa uma chance única de moldar a agenda global para o clima, com repercussões duradouras. A liderança brasileira pode catalisar compromissos robustos e ações concretas dos países membros para uma transição verde eficaz e inclusiva.

O papel do Brasil é crucial para promover a solidariedade internacional, especialmente no apoio aos países mais vulneráveis. Alinhando os objetivos do G20 com os do Acordo de Paris, o Brasil pode impulsionar estratégias que equilibrem desenvolvimento econômico e proteção ambiental. Isto inclui a promoção de tecnologias de baixo carbono, energias renováveis e práticas agrícolas sustentáveis. A IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável) sugere que investimentos em energias renováveis podem gerar três vezes mais empregos do que os combustíveis fósseis, representando uma oportunidade para crescimento econômico sustentável.

Além disso, a gestão eficaz de dívidas e a criação de instrumentos financeiros inovadores, como as trocas de dívida por ações climáticas, podem oferecer soluções para os desafios financeiros que muitos países enfrentam ao buscar a transição para uma economia verde. A reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento, conforme discutido nas trilhas de finanças do G20, é fundamental para aumentar o acesso a financiamentos climáticos.

O Brasil deve também enfatizar a importância de medidas de adaptação ao clima, particularmente para comunidades vulneráveis, e promover a resiliência climática. Isso inclui investimentos em infraestrutura sustentável e projetos de conservação que podem proteger contra eventos climáticos extremos, os quais estão se tornando mais frequentes e severos devido às mudanças climáticas.

A governança ambiental global requer uma abordagem holística que o Brasil, com sua biodiversidade e experiência em sustentabilidade, está bem posicionado para liderar. A promoção de políticas e práticas ambientalmente sustentáveis no G20 pode servir como um modelo para outras regiões e para futuras colaborações internacionais.

Finalmente, o sucesso do Brasil na presidência do G20 será medido não apenas pelos compromissos assumidos, mas pela implementação efetiva desses compromissos. A presidência da COP30 no Brasil em 2025 oferecerá uma plataforma para demonstrar os progressos realizados e para continuar impulsionando a agenda climática global.

Em resumo, a presidência do Brasil no G20 é uma oportunidade estratégica para liderar a transformação global rumo a um futuro mais sustentável e justo. Ao agir decisivamente, o Brasil pode ajudar a moldar um legado duradouro para o clima, a economia e a sociedade em nível global.