Biometano e a descarbonização no setor de transportes

Biometano e a descarbonização no setor de transportes

Como o biometano ajuda na descarbonização do setor de transportes? Entenda porque o gás é a substituição possível para o GNV.

A produção de biometano no Brasil tem crescido e o gás é cotado como fonte para a descarbonização no setor de transportes. Segundo o levantamento realizado pela Abiogás, há 25 plantas de biometano com previsão de início de operação até 2027 com projetos em que o investimento ultrapassa R$ 1 bilhão. Com isso, espera-se chegar a 2,3 milhões de m/³ dia de volume produzido.

Para a Abiogás, o potencial de produção é de 100 milhões m/³ dia. Atualmente, no país, segundo o Cibiogás, há apenas 10 unidades em operação, gerando 435 mil m/³ dia. O Plano Decenal de Expansão de Energia 2031 colocou o biogás como rota para descarbonizar o setor dos transportes. Segundo o documento, a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e o novo mercado do gás devem impulsionar investimentos e alavancar o modelo no país.

Como o biometano ajuda na descarbonização do setor de transportes?

O biometano é um gás oriundo do biogás e o processo faz com que o metano seja separado do gás carbônico e sulfeto de hidrogênio e tem maior poder de combustão que o biogás. Enquanto o biogás possui poder calorífico entre 4.500 e 6.000 kcal/m³, podendo ser consumido diretamente, o biometano, cujo conteúdo energético é similar ao do gás natural, tem um poder calorífico de 9.256 kcal/m³.

Com o processamento, os gases poluentes deixam de ir para a atmosfera e podem ser utilizados nos automóveis para combustão. Assim, depois desse processo, o gás tem comportamento semelhante ao gás natural veicular, por isso, é uma alternativa ao gás fóssil no setor de transporte.

Por essas características, o biometano é denominado o combustível verde. Afinal, a geração de energia vem da gestão de resíduos animais ou vegetais. Ou seja, dejetos de animais, restos de plantação ou resíduos sólidos urbanos (RSU) deixam de ser um passivo ambiental e se tornam em um ativo energético. Assim, além de diminuir os custos com a gestão dos resíduos, dá-se uma nova finalidade aos materiais envolvidos no processo.

O biometano pode abastecer qualquer veículo com kit de GNV (gás natural veicular), com a vantagem de ser renovável. Além disso, ele pode reduzir em até 90% as emissões de poluentes, em comparação com outros combustíveis fósseis. Indo além dos benefícios ambientais, ele também é mais econômico, com eficiência até 30% maior que o etanol. Por isso, para o setor de transporte que é tão difícil descarbonizar, a expansão do biometano é uma das soluções.

Próximos passos para o futuro

Segundo projeção da ABiogás, o biometano poderia abastecer cerca de 25% da frota brasileira, se conseguissem aproveitá-lo integralmente. Porém, há um enorme potencial a ser explorado, mas há necessidade de marcos legais para trazer competitividade ao setor, bem como para ampliar outras fontes, como o combustível sustentável de avião (SAF), hidrogênio e o diesel verde.

O território brasileiro é favorável para a produção de biogás e de biometano, tendo cerca de 60% do seu potencial localizado em propriedades rurais. Nesse sentido, empresários e fazendeiros já começaram a investir em unidades.

A partir da aquisição da Gás Verde, a Urca Energia se tornou a maior produtora de biometano do país, um biocombustível sustentável que contribui para a preservação do meio ambiente e tem grande potencial para transformar a matriz energética das empresas brasileiras. Marcel Jorand, diretor executivo do grupo Urca Energia e CEO da Gás Verde explica que além do aspecto ambiental, o biometano permite mais previsibilidade no planejamento da indústria, uma vez que a produção é 100% nacional e, portanto, seus preços não estão atrelados a oscilações do câmbio e do preço do petróleo, como acontece com o gás natural. Ainda, de acordo com Marcel Jorand, a aquisição da Gás Verde reforça o alinhamento às metas da ONU de redução das emissões de gases de efeito estufa. A adoção de biocombustíveis é o caminho mais eficiente para uma mudança efetiva no processo produtivo das empresas.

Também há um montante relevante que pode ser obtido por meio dos resíduos sólidos urbanos e do esgoto, mas, nesse caso, é fundamental que os governos municipais desenvolvam projetos ou parcerias público-privadas que permitam o uso dos resíduos para a geração energética.

Para especialistas do setor, o mercado de biogás e biometano está apenas começando e provando o seu valor. Ao considerar créditos de carbono, Cbios e certificados de rastreabilidade de energia renovável, a fonte já representa 40% do caixa dos projetos, corroborando com a atração de novos investimentos. É possível dizer, inclusive, que a longo prazo o biometano se torne competitivo, tendo um valor mais baixo que o gás natural.

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