Transição energética e o gás natural

Transição energética e o gás natural

O gás natural é um dos combustíveis importantes para a transição energética, mas sua manutenção é fundamental para a economia a longo prazo.

Nos últimos anos, os países começaram a pensar sobre a forma de gerar energia limpa e a necessidade de uma transição energética foi crescendo. Nesse cenário, em que não é viável que todas as nações optem por uma fonte limpa e renovável do dia para a noite, o gás natural se destaca sendo um importante combustível para essa transição.

Mas, indo além da sua importância para permitir que investimentos sejam feitos no longo prazo, o combustível também tem função como matéria-prima para a produção de outros produtos. Por isso, é inviável dizer que o futuro será majoritariamente de fontes limpas e renováveis, uma vez que os combustíveis fósseis ainda possuem relevância em alguns processos.

Os outros usos do gás natural

Atualmente, o gás natural é amplamente utilizado como combustível, mas pouco se fala da sua importância para a economia mundial como matéria-prima. O gás natural é utilizado para produzir fertilizantes nitrogenados, produtos petroquímicos, refrigerante de aparelhos em medicina, bebidas carbonadas e na indústria eletrônica e semicondutores. Em 2021, por exemplo, a produção mundial de amônia para fertilizantes foi de 150Mton, sendo 65% da produção tendo o gás natural como matéria-prima.

Quando se fala de uma transição energética, há uma expectativa de que no futuro haja um cenário de carbono zero, com sucessivas reduções de uso de gás natural. Segundo a International Energy Agency, se houver a diminuição esperada, até 2050, a produção e uso de gás natural cairá 900 bilhões de m³/ano.

Associado a isso a IRENA prevê o crescimento global de produção de amônia de 200 Mton em 2021, para 766 Mton em 2050. Sem o uso do gás natural, seria preciso 2300 GW de energia renovável, ou seja, um crescimento de 140% da capacidade total instalada com o que há hoje em energia solar e eólica.

Para especialistas, se até 2050 a população mundial aumentar para 9 bilhões, a produção de gás natural diminuirá, aumentando os custos com uma produção mais limpa, é possível que mais pessoas sejam impactadas com a fome e desigualdade social. Portanto, uma transição energética, buscando a eliminação do gás natural trará consequências não programadas para diversos setores econômicos.

Gás natural no Brasil e transição energética

O grande desafio da transição energética é diminuir as emissões de CO2 enquanto é mantida a demanda de energia limpa e renovável para os consumidores. Nesse caso, o Brasil tem vantagem frente a outros países, pois possui uma matriz elétrica em grande parte limpa, além de possuir meios de desenvolver outras fontes, devido ao clima e geografia do país.

Já há várias empresas comprometidas com as metas de redução, tendo o gás natural como um combustível de transição por gerar menos CO2. Além disso, ele possibilita um backup, diferentemente das fontes intermitentes, como a solar e eólica.

No Brasil, o setor de gás passa por um período de transição, com a nova lei do gás, aprovada em 2021. Ela simplificará a construção de gasodutos e o acesso à infraestrutura essencial, passando parte do mercado para o setor privado. No país, a IEA prevê a diminuição da participação do gás de 6,7% em 2030 para 5,5% em 2050.

A longo prazo, para que a descarbonização do setor energético aconteça em larga escala e sem prejudicar setores econômicos, é fundamental o barateamento do hidrogênio e de tecnologias de captura de carbono, mantendo a quantidade necessária de fontes fósseis.

Para entender melhor sobre a importância da transição energética, leia este conteúdo sobre as mudanças climáticas segundo o IPCC.