A transição energética continua a ser um dos temas mais relevantes e urgentes em 2024, com avanços significativos e desafios contínuos. O Brasil, com sua vasta capacidade de recursos naturais e políticas inovadoras, desempenha um papel crucial na busca por uma matriz energética mais limpa e sustentável.
Em 2024, o Brasil manteve seu destaque global na geração de energia solar, consolidando-se entre os dez maiores produtores mundiais. A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) destacou o crescimento do país, que já ocupa a oitava posição mundial e projeta ser o quinto maior mercado de energia solar até 2032. A expansão da capacidade instalada de energia elétrica em 8,4 gigawatts (GW) no ano passado, majoritariamente de fontes eólicas e solares, reforça a liderança brasileira na transição energética.
A regulamentação do hidrogênio verde foi um marco em 2023, com a aprovação do Projeto de Lei 5.816/2023, que estabeleceu um ambiente regulatório favorável ao desenvolvimento desta tecnologia. Estudos indicam que o hidrogênio pode compor até 22% da matriz energética global até 2050, destacando seu potencial como uma fonte essencial de energia limpa.
Os biocombustíveis também ganharam força, especialmente no setor agropecuário. Com a implementação do Plano Decenal de Expansão de Energia 2031 e políticas como o RenovaBio, o biogás e o biometano emergiram como alternativas viáveis para descarbonizar o agronegócio brasileiro.
O histórico de emissões globais de CO2 de 2019 a 2023 revela um cenário preocupante. Em 2019, as emissões foram de 36,4 bilhões de toneladas, caindo drasticamente para 1,9 bilhão de toneladas em 2020 devido à pandemia de COVID-19. No entanto, em 2021, as emissões voltaram a subir para 36,3 bilhões de toneladas, chegando a 40,6 bilhões de toneladas em 2022 e 40,9 bilhões de toneladas em 2023, aproximadamente, segundo o Global Carbon Project. No setor de energia, a geração de calor e eletricidade é responsável pela maior parte das emissões (30%), conforme dados da WRI Brasil.
A transição energética exige investimentos substanciais. Segundo a IRENA, são necessários US$ 131 trilhões até 2050 para atingir as metas do Acordo de Paris, mantendo o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C. Esses investimentos deverão gerar um retorno cumulativo de US$ 61 trilhões e criar 122 milhões de empregos, dos quais mais de um terço estarão no setor de energias renováveis.
A inclusão social é fundamental para uma transição energética justa. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, enfatizou a necessidade de participação indígena nas negociações ambientais, destacando que muitos dos minerais essenciais para a transição energética estão em territórios indígenas. A integração dos conhecimentos tradicionais é vista como crucial para garantir uma transição justa e sustentável.
O futuro da transição energética depende de inovações tecnológicas, políticas públicas eficazes e um compromisso global com a sustentabilidade. A colaboração internacional será essencial para superar os desafios e maximizar os benefícios econômicos, sociais e ambientais dessa transformação.
Em suma, a transição energética em 2024 é um processo dinâmico e multifacetado, com avanços significativos e desafios a serem superados. O Brasil, com suas riquezas naturais e políticas progressistas, continua a desempenhar um papel central na transformação do cenário energético global, demonstrando o potencial das energias renováveis e a importância da inclusão social na construção de um futuro energético sustentável.