Termelétricas no Brasil: papel crucial em tempos de crise hídrica

Termelétricas no Brasil: papel crucial em tempos de crise hídrica

As termelétricas desempenham um papel fundamental na matriz energética do Brasil, especialmente em momentos críticos de escassez de água. Enquanto o país tem historicamente dependido da energia hidrelétrica, a vulnerabilidade causada pelas secas tem destacado a importância das termelétricas como uma alternativa de segurança energética. Mas o que são exatamente essas usinas, de onde vêm suas fontes de energia, e qual é o impacto ambiental desse tipo de geração de eletricidade?

O que são termelétricas?

Termelétricas são usinas que geram eletricidade a partir da queima de combustíveis, como gás natural, carvão, óleo combustível, biomassa, ou mesmo lixo urbano. O processo básico envolve a queima do combustível para gerar calor, que, por sua vez, aquece água em caldeiras para produzir vapor. Esse vapor movimenta turbinas conectadas a geradores, convertendo a energia térmica em energia elétrica.

Diferente das usinas hidrelétricas, que dependem do fluxo de água para gerar energia, as termelétricas podem operar independentemente de condições climáticas específicas, o que as torna uma fonte de energia estratégica, especialmente durante períodos de estiagem, quando o nível dos reservatórios está baixo.

Fontes de energia para termelétricas

No Brasil, as principais fontes de energia para as termelétricas são:

  • Gás natural: Representa cerca de 25% da matriz energética nacional e é a principal fonte usada em termelétricas. O Brasil tem grandes reservas de gás natural, especialmente na camada pré-sal.
  • Carvão mineral: Embora o Brasil não tenha grandes reservas de carvão de alta qualidade, algumas termelétricas ainda utilizam esse combustível, principalmente no sul do país.
  • Óleo combustível: É uma fonte cara e poluente, sendo usada principalmente em momentos emergenciais.
  • Biomassa: O Brasil é um grande produtor de biomassa, especialmente a partir do bagaço da cana-de-açúcar, e essa fonte renovável vem ganhando espaço nas termelétricas.
  • Resíduos sólidos: Algumas usinas começam a explorar a queima de resíduos sólidos, como lixo urbano, para geração de eletricidade, o que também ajuda a resolver problemas de disposição de resíduos.

Termelétricas são uma fonte de energia limpa?

Não. As termelétricas, de modo geral, não são consideradas fontes de energia limpa. A maioria delas emite grandes quantidades de gases de efeito estufa (GEE), como dióxido de carbono (CO2), na atmosfera, especialmente as que utilizam carvão e óleo combustível. Em termos de impacto ambiental, elas são mais poluentes que hidrelétricas e fontes renováveis como solar e eólica.

As usinas movidas a gás natural, por exemplo, emitem menos poluentes que as a carvão, mas ainda assim contribuem para o aquecimento global. Em contrapartida, termelétricas que utilizam biomassa podem ser consideradas mais sustentáveis, uma vez que o ciclo de carbono da biomassa tende a ser neutro, ou seja, a quantidade de CO2 emitida na queima é compensada pelo CO2 absorvido pela planta durante seu crescimento.

O mercado das termelétricas no Brasil

A participação das termelétricas na matriz elétrica brasileira vem crescendo. De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), em 2023, as termelétricas foram responsáveis por cerca de 25% da energia gerada no Brasil. Isso marca um aumento significativo em comparação com anos anteriores, quando as hidrelétricas dominavam quase 80% da geração de eletricidade.

Com o aumento da demanda por eletricidade e a necessidade de diversificar a matriz energética, o governo brasileiro tem incentivado o uso de gás natural e biomassa como alternativas menos poluentes em relação ao carvão e óleo combustível. O leilão de energia realizado em 2023 também priorizou projetos de termelétricas a gás e biomassa, destacando o movimento para tornar a matriz mais diversificada e menos dependente de fontes intermitentes, como eólica e solar.

Termelétricas no Brasil: papel crucial em tempos de crise hídrica

Termelétricas em momentos de crise hídrica

As termelétricas se tornam especialmente importantes durante crises hídricas. Em 2021, o Brasil enfrentou uma das piores crises hídricas em quase um século, o que obrigou o governo a acionar uma série de termelétricas para garantir o abastecimento de energia. Essa medida, no entanto, tem um custo elevado. Em média, a energia gerada por termelétricas é mais cara que a hidrelétrica, solar ou eólica. Durante a crise de 2021, a ativação dessas usinas foi um dos fatores que impulsionaram o aumento das tarifas de energia elétrica no país, levando ao acionamento da bandeira tarifária vermelha.

De acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o acionamento das termelétricas em 2021 aumentou em 79% em relação ao ano anterior. Já em 2023, com uma menor dependência das hidrelétricas, a energia térmica manteve-se em operação durante o período seco, mas com um planejamento mais equilibrado para evitar picos de custos.

Perspectivas futuras

A tendência para os próximos anos é que o Brasil continue a depender das termelétricas como uma “energia de reserva” em momentos de crise hídrica. No entanto, as políticas energéticas estão voltadas para a expansão de fontes renováveis, como solar e eólica, que, em conjunto com as termelétricas, formam um sistema energético mais seguro e flexível.

A construção de novas usinas termelétricas, especialmente movidas a gás natural e biomassa, faz parte do planejamento de expansão da matriz energética até 2030, de acordo com o Plano Decenal de Energia (PDE 2030). No entanto, especialistas alertam que é essencial equilibrar a expansão das termelétricas com um compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e cumprir as metas climáticas do Acordo de Paris.

Conclusão

As termelétricas são uma peça-chave na matriz energética do Brasil, proporcionando uma fonte de energia confiável e essencial em momentos de crise hídrica. No entanto, o país enfrenta o desafio de equilibrar o uso dessas usinas com a necessidade de reduzir emissões e aumentar a participação de fontes renováveis na matriz. Com um planejamento adequado, as termelétricas continuarão a desempenhar seu papel de “segurança energética”, enquanto o Brasil avança em direção a um futuro mais sustentável e menos dependente de combustíveis fósseis.