Embora tenha participação pequena na matriz energética, o biogás e o biometano podem crescer até 40% na matriz energética mundial até 2040.
A matriz energética brasileira é formada por várias fontes de energia, sendo 43% proveniente de fontes renováveis, como eólica, hidráulica, solar e a biomassa. Embora o biogás ainda tenha uma representação pequena frente a outras opções, cerca de 1%, há uma expectativa de que a demanda dessa matriz cresça e que os custos sejam reduzidos.
A Agência Internacional de Energia (IEA) publicou, em 2020, um relatório apresentando perspectivas de crescimento do biogás e do biometano no mundo todo até 2040. Com a colaboração da Associação Brasileira de Biogás (Abiogás), o estudo mostrou que há uma disponibilidade de matéria-prima sustentável enorme, principalmente no Brasil, que ainda é totalmente inexplorado. Para entender melhor, leia o conteúdo até o final.
A importância do biogás/ biometano no Brasil
A produção do biogás e do biometano é fundamental, uma vez que essa transformação ajuda na redução das emissões dos gases do efeito estufa. Assim, além da grande importância ambiental, essa fonte energética é estratégica e competitiva. Primeiramente, o biogás ocorre em alto grau de descentralização. Ou seja, é possível produzi-lo e consumi-lo no mesmo local ou transportá-lo via Gás Natural Comprimido (GNC) ou injetá-lo em gasodutos.
Outro ponto é que o biogás é produzido a partir da digestão de bactérias anaeróbicas de substratos orgânicos, resultando na sustentabilidade ambiental e ajudando na destinação correta dos resíduos sólidos gerados. Esse gás é potencialmente utilizável para geração de energia elétrica, térmica ou automotiva.
O biometano é um gás oriundo do biogás e é obtido pela retirada de vapor de água, gás carbônico, sulfeto de hidrogênio e tem maior poder de combustão que o biogás. Como combustível automotivo, ele tem comportamento semelhante ao GNV. Três setores econômicos brasileiros são responsáveis pelo potencial de produção de biometano: sucroenergético, produção de alimentos e saneamento (RSU e efluentes sanitários).
A participação na matriz brasileira e as perspectivas para o futuro
Se em todo o mundo, os aterros sanitários contassem com sistemas de transformação de metano em biogás, seria possível atingir 8% do potencial mundial. Essa produção poderia chegar a três vezes e meia a oferta atual de biogás a um custo igual ou inferior ao do gás natural.
O estudo realizado pela IEA, com base no ano de 2018, mostrou que a produção de biogás no Brasil foi de 35 milhões de toneladas equivalentes (Mtoe). Valor muito abaixo do potencial calculado que era de 570 Mtoe para o biogás e 730 Mtoe para o biometano. O aproveitamento total do potencial poderia suprir 20% da demanda atual de gás em todo mundo.
A expectativa é que o crescimento do setor seja de 40% nos próximos 20 anos. As maiores oportunidades estão na região da Ásia-Pacífico, onde há um aumento da importação do gás natural, bem como América do Norte, América do Sul, Europa e África. Conforme há um aumento da disponibilidade das matérias-primas e uma crescente melhora na coleta e gestão de resíduos, a tendência é que o mercado se desenvolva.
Com as tecnologias, o custo da produção do biogás e do biometano vem ficando cada vez mais barato, além do incentivo da redução de emissões dos gases do efeito estufa que potencializa essa produção e aumenta a competitividade. Para o presidente da Abiogás, Alessandro Gardemann, esse tipo de gás terá um papel complementar ao do gás natural, competindo com outros energéticos mais caros, como o diesel e o GLP.
Portanto, o biogás tem um papel fundamental em um cenário de desenvolvimento sustentável, que vai ao encontro de todas as metas mundiais traçadas para enfrentar as mudanças climáticas, fornecendo o acesso a uma energia moderna e mais limpa.
No dia 29/09, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou a resolução ANP Nº 886/2022 que altera a Resolução ANP nº 685, de 29 de junho de 2017, que estabelece a especificação do biometano de aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto.
A resolução sobre biometano de aterros sanitários e estações de esgoto
Os aterros sanitários e as estações de tratamento de esgoto produzem biometano diariamente. Com o tempo, a decomposição bacteriana produz o biometano. No entanto, a geração desse gás também pode comprometer os níveis de emissão de gases do efeito estufa. Assim, usar esse gás como combustível é uma alternativa popular aos combustíveis fósseis porque polui menos e causa menos mudanças climáticas.
O principal objetivo da alteração da norma é contribuir para o atendimento, pelos produtores de biometano, à mencionada resolução, no que se refere à metodologia de análise de halogenados, que são compostos prejudiciais à saúde e/ou que podem, entre outros, danificar os equipamentos de produção de energia, motores de veículos e, portanto, precisam ser removidos no processo de produção do biometano.
Além disso, na nova resolução, foi excluído o prazo para a contratação de laboratórios acreditados no Inmetro para realização de tais análises, conforme estabelecia a antiga resolução. A alteração atenderá também à padronização de dispositivos e estruturas de atos regulatórios.
Biometano é alternativa sustentável para aterro sanitário e estações de esgoto
Gerar biometano é uma solução viável para a gestão urbana e um passo importante para a sustentabilidade das cidades. A geração de biometano a partir de gás de aterro sanitário e estações de esgoto reduz os custos de descarte de resíduos e fomenta o pilar da economia circular.
Além disso, alguns países já usam este gás como uma alternativa aos combustíveis fósseis em carros, diminuindo custos e ampliando a transição energética. A Europa, principalmente, já utiliza esse gás no transporte público, bem como em ambientes industriais. Países com climas frios podem até usá-lo para aquecer residências e empresas, mantendo os custos de energia baixos.
No Brasil, o setor vem se desenvolvendo com 27 novas plantas de biometano previstas para os próximos anos, segundo a Abiogás. A expectativa é que a produção nacional de biometano atinja os 2,2 milhões de m³/dia até 2027. Desse total, 1,3 milhão m³/dia deve vir do biogás produzido no setor de saneamento, com 700 mil m³/dia do segmento sucroenergético e o segmento agroindustrial com mais 200 mil m³/dia.
A Gás Verde produz o biometano, o combustível 100% renovável, emite o crédito de descarbonização CBIO de acordo com as especificações da ANP e, a partir de 2023, irá produzir o CO2 verde. Ela também entrega aos clientes o BIORec, um certificado de rastreabilidade do biometano adquirido.
As soluções sustentáveis da Gás Verde apoiam o tratamento de resíduos, a transição das empresas para uma matriz energética mais limpa e, até 2023, contribuirá para evitar 500 mil toneladas de CO2 na atmosfera.