Por que investir em biogás no Brasil?

Por que investir em biogás no Brasil?

Investir em biogás é sinônimo de descarbonização da matriz energética nacional. Entendas as perspectivas do setor para os próximos anos.

Qual o futuro do biogás no Brasil? Em 2019, a produção alcançou 1,8 bilhão de metros cúbicos. Contudo, há uma previsão de atingir 30 milhões de m3 diários de biogás até 2030, com o total de usinas saltando dos 548 registrados em 2019 para cerca de mil plantas.

Embora o segmento não seja novo no Brasil, essa fonte ainda patina para ganhar escala. Isso ocorre porque desenvolvedores de menor porte encontram dificuldades em financiar os projetos a custos atraentes por causa da exigência de garantias de bancos públicos e privados.

Assim, para que o setor cresça, serão necessários investimentos de R$5 bilhões por ano, segundo a ABiogás. Para o presidente da associação, Alessandro Gardemann, há disponibilidade de recursos, porém agora o que falta é investimento no setor.

A disponibilidade de recursos e os desafios do biogás no Brasil

O Brasil é um dos países com o maior potencial de produção de biogás do planeta, mas ainda precisa avançar muito. Assim, principalmente com o pacto de redução de 30% das emissões de metano até 2030, assinado na COP 26, o país precisa se desenvolver nesse sentido.

A capacidade de geração existente hoje — que representa apenas 0,1% da matriz energética do país — está concentrada em projetos de grandes grupos empresariais. Mas o setor projeta que o biogás poderia substituir até 70% do consumo de diesel no país. O destaque vai para áreas rurais que estão fora do sistema de distribuição de energia (off grid).

Atualmente, o biogás é um combustível que traz benefícios econômicos, bem como socioambientais, inclusive, capaz de gerar crédito de carbono. Um dos principais gargalos para essa expansão eram as garantias para obtenção de financiamento, que devem ser solucionados pelo Fundo Garantidor do Biogás (GFB).

O GFB será um fundo de renda fixa que investirá exclusivamente em títulos do Tesouro brasileiro, tendo uma parte do dinheiro a ser levantado servindo de capital concessional — público, filantrópico ou de organismos multilaterais e que aceita um retorno abaixo do de mercado — e parte de investidores convencionais.

O fundo foi desenhado para captar US$ 53 milhões na fase piloto e, com isso, destravar US$ 67 milhões em financiamentos para 43 projetos de usinas de biogás a partir de resíduos agrícolas. A iniciativa é inovadora, já que se trata do primeiro fundo garantidor de biogás do mundo e do primeiro fundo garantidor ambiental privado do Brasil.
A criação do fundo impactará também na obtenção de recursos do Fundo Clima, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Fundo Clima está sendo desenvolvido em parceria com o Laboratório Global de Inovação em Finanças Climáticas (LAB), que reúne mais de 70 instituições de todo o planeta.

GFB abre as portas do Fundo Clima

Com duração de dez anos, o Fundo Garantidor do Biogás (GFB) vai focar na fase de construção dos projetos, amparando empreendedores que não têm garantias. Os recursos virão de investidores concessionais e o fundo vai ser criado como CVM renda fixa simples e terá como garantia suas quotas, que vão ser registradas na B3 em favor dos credores das operações. A ABiogás terá o papel de agente certificador do fundo para os projetos beneficiados.

O Fundo Clima é atualmente a principal ferramenta da qual o BNDES dispõe para financiar o setor de biogás, mas a obtenção de recursos é dificultada pelas garantias exigidas. Esse cenário, porém, tende a mudar com o GFB. Além do acesso, o fundo garantidor também deve reduzir a taxa de juros cobrada pelo BNDES no Fundo Clima, ficando abaixo de 3% ao ano.

Outro ponto é que além da geração de energia elétrica e da substituição do diesel no setor de transportes, o investimento em biogás e biometano pode render mais uma fonte de recursos: o mercado de carbono. O potencial de produção de biogás no curto prazo evitaria a emissão de 45 milhões de toneladas de CO2eq a cada ano. Isso representa uma capacidade de descarbonização de 11% da matriz energética brasileira.

Em relação à maturidade e adesão da fonte, o setor acredita que os investidores já vêm modificando sua visão e reconhecendo o seu ciclo de vida energético, frente a outros modelos, como eólico e solar, que já possuem uma estrutura mais sólida.

Gostou do conteúdo? Para saber mais sobre o biogás leia o conteúdo sobre o projeto proposto para essa fonte.