À medida que o mundo avança em direção à sustentabilidade, a busca por fontes de energia limpa e renovável se intensifica. Uma das opções que ganhou destaque recentemente é o hidrogênio verde. Mas o que exatamente é o hidrogênio verde e por que ele está atraindo tanta atenção? Vamos explorar neste post.
O hidrogênio é o elemento mais abundante no universo, constituindo quase 75% de sua massa elemental, de acordo com a NASA. No entanto, na Terra, ele raramente é encontrado em sua forma pura, estando normalmente ligado a outros elementos, como oxigênio para formar água. Para ser utilizado como fonte de energia, ele precisa ser separado desses compostos, um processo que até recentemente era altamente poluente.
É aí que entra o hidrogênio verde. O hidrogênio verde é produzido a partir de fontes de energia renovável, como a solar e a eólica, utilizando um processo chamado eletrólise da água. Ao contrário do hidrogênio tradicional, produzido a partir de combustíveis fósseis, o hidrogênio verde não emite CO2 durante a sua produção, tornando-o uma opção de energia verdadeiramente limpa.
O hidrogênio, seja em sua forma verde ou não, é amplamente utilizado na indústria e nos transportes em todo o mundo. No Brasil, ele é usado principalmente em refinarias de petróleo, produção de amônia para fertilizantes, de metanol, nafta, hidrogenação de óleo vegetal, siderurgia e transporte pesado na construção civil e na mineração. Em 2021, a demanda global de hidrogênio atingiu 94 milhões de toneladas, de acordo com o relatório anual da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
Essa “nova commodity”, como vem sendo chamada, é vista como uma peça chave para a descarbonização da economia. Investimentos globais em produção e transporte de hidrogênio verde são esperados para atingir US$ 12 trilhões até 2050.
A importância do hidrogênio verde para a transição energética global não pode ser subestimada. A IEA estima que o hidrogênio verde tem o potencial de reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa em até 6 gigatoneladas até 2050, uma contribuição significativa para o esforço global para combater as mudanças climáticas.
Um estudo realizado pelo Boston Consulting Group (BCG) intitulado “Building the Green Hydrogen Economy – Infrastructure Strategy 2023” indica que o hidrogênio verde está sendo considerado por investidores institucionais como uma “oportunidade de investimento lucrativo”, devido ao seu “papel fundamental” na descarbonização de indústrias cujas emissões são desafiadoras para reduzir.
Para alcançar as metas globais de descarbonização estabelecidas pelo Acordo de Paris, o estudo do BCG prevê que os investimentos em produção e transporte de hidrogênio verde devem atingir US$ 12 trilhões entre 2025 e 2050. Essa projeção é baseada em uma demanda estimada que deve subir dos atuais 94 milhões de toneladas para algo entre 350 milhões e 530 milhões de toneladas em 2050.
O futuro do hidrogênio verde é particularmente promissor no Brasil. O país tem uma capacidade significativa de geração de energias renováveis que podem impulsionar a produção de hidrogênio verde. O BCG sugere que o Brasil tem potencial para produzir até 15 milhões de toneladas de hidrogênio verde, posicionando-se como um protagonista no mercado global. Isso não beneficiaria apenas a transição energética interna, mas também abriria oportunidades de exportação.
Ansgar Pinkowski, gerente de inovação e sustentabilidade da unidade Rio de Janeiro da Câmara de Comércio e Indústria Alemanha-Brasil (AHK), reforça esse potencial, salientando que o Brasil é um país com enorme capacidade para a geração de energia eólica e solar a custos baixos, o que potencializa a produção de hidrogênio verde para exportação. Amaro Pereira, da Coppe/UFRJ, acrescenta: “Para o Brasil seria uma boa oportunidade de exportação e utilização aqui também”.
Apesar dos desafios, como o custo de produção e a dificuldade de armazenamento e transporte, o potencial do hidrogênio verde é enorme. Com investimentos em pesquisa e desenvolvimento, juntamente com políticas de incentivo, o hidrogênio verde tem o potencial de desempenhar um papel crucial na transição para uma economia de baixo carbono.