A demanda por soluções energéticas sustentáveis tem impulsionado a transição global para fontes renováveis. Nesse cenário, o hidrogênio verde emerge como um combustível crucial para a descarbonização de diversos setores, devido ao seu potencial de gerar energia sem emissões de carbono. O Brasil, com sua vasta capacidade de produção de energia solar, está posicionado entre os cinco países do mundo com maior potencial para produzir hidrogênio verde de forma economicamente atrativa. Este artigo explora como o avanço da energia solar pode tornar o hidrogênio verde competitivo no Brasil.
O Brasil possui recursos naturais excepcionais para a produção de energia solar. Com alta incidência de luz solar ao longo do ano e uma vasta extensão territorial, o país tem condições ideais para a instalação de usinas solares. Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a capacidade instalada de energia solar no Brasil cresceu exponencialmente nos últimos anos, alcançando mais de 21 gigawatts (GW) em 2023.
Esse crescimento é impulsionado por políticas de incentivo do governo, como o programa ProGD (Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica) e a Resolução Normativa 482 da ANEEL, que facilitam a conexão de sistemas de geração distribuída à rede elétrica. Além disso, o custo da tecnologia fotovoltaica tem diminuído, tornando a energia solar uma alternativa cada vez mais acessível e competitiva.
A produção de hidrogênio verde depende da eletrólise da água, um processo que utiliza eletricidade para separar o hidrogênio do oxigênio. Quando essa eletricidade é gerada por fontes renováveis, como a energia solar, o hidrogênio produzido é considerado “verde”, ou seja, livre de emissões de carbono.
A energia solar, com seu custo cada vez mais baixo, desempenha um papel crucial na redução dos custos de produção do hidrogênio verde. Estudos do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP) indicam que, com a crescente adoção da energia solar, os custos da eletrólise podem cair significativamente, tornando o hidrogênio verde uma opção viável economicamente.
Comparado a outros países, o Brasil apresenta vantagens competitivas significativas na produção de hidrogênio verde. De acordo com a BloombergNEF, os custos de produção de hidrogênio verde no Brasil são um dos mais baixos do mundo, graças à abundância de energia solar barata.
Essa competitividade atrai investidores internacionais, interessados em projetos de hidrogênio verde no Brasil. A infraestrutura necessária para a produção, armazenamento e transporte do hidrogênio verde está se desenvolvendo rapidamente, com investimentos em portos, estradas e instalações de armazenamento.
O Portal Solar destaca que o Brasil tem o potencial de se tornar um dos principais exportadores de hidrogênio verde, especialmente para a Europa, que busca alternativas sustentáveis para substituir combustíveis fósseis. Essa perspectiva coloca o Brasil em uma posição estratégica no mercado global de energia.
As projeções de crescimento para a produção de hidrogênio verde no Brasil são otimistas. A Absolar prevê que, até 2030, o Brasil poderá produzir até 10 milhões de toneladas de hidrogênio verde por ano, impulsionado pela expansão da energia solar.
Os benefícios econômicos e ambientais são significativos. Além de criar milhares de empregos e atrair bilhões em investimentos, a produção de hidrogênio verde pode reduzir as emissões de CO2 em setores difíceis de descarbonizar, como a indústria pesada e o transporte.
Entretanto, desafios permanecem. A necessidade de uma regulamentação clara e estável, a formação de mão-de-obra qualificada e o desenvolvimento de tecnologias de armazenamento eficientes são alguns dos obstáculos que precisam ser superados. As oportunidades, contudo, são vastas, e com o apoio de políticas públicas e investimentos privados, o Brasil tem todas as condições para se tornar um líder global na produção de hidrogênio verde.
O avanço da energia solar é um fator determinante para tornar o hidrogênio verde competitivo no Brasil. Com recursos naturais abundantes, políticas de incentivo e uma infraestrutura em desenvolvimento, o Brasil está bem posicionado para liderar a produção de combustível sustentável no cenário global. É essencial que investidores, formuladores de políticas e a sociedade apoiem e promovam o desenvolvimento do hidrogênio verde, visualizando um futuro em que ele desempenhe um papel central na matriz energética brasileira e global.