Em 2015, líderes mundiais assinaram o Acordo de Paris com um objetivo claro: limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais e reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa. Quase uma década depois, o mundo se encontra em uma encruzilhada. Enquanto algumas políticas demonstram progresso, os dados mais recentes indicam que estamos longe de atingir as metas estabelecidas. Mas afinal, o Acordo de Paris está funcionando ou fracassando?
O que mudou desde a assinatura do Acordo de Paris?
Quando o tratado foi assinado, estimava-se que a temperatura global poderia aumentar até 3,6°C até o final do século. Hoje, com todas as políticas em vigor, essa projeção caiu para aproximadamente 2°C. Se todas as promessas de neutralidade de carbono forem cumpridas até 2050, é possível limitar o aquecimento a 1,9°C. Mas ainda há um longo caminho a percorrer.
O ano de 2024 foi o mais quente já registrado, superando o limiar de 1,5°C pela primeira vez. O impacto do aumento da temperatura já afeta diversas regiões, com secas severas, tempestades intensas e impactos diretos na agricultura e na infraestrutura.
A transição energética está acontecendo?
A COP29 trouxe um consenso inédito: o mundo precisa se afastar dos combustíveis fósseis. Mas como transformar essa decisão em ação concreta? A COP30, que acontecerá em Belém do Pará, pode ser o momento crucial para traçar um plano definitivo de implementação.
Governos de países em desenvolvimento, como o Brasil, enfrentam um desafio adicional: como equilibrar crescimento econômico com a redução de emissões? Especialistas destacam que a solução passa pela diversificação da matriz energética, ampliação de fontes renováveis e um maior compromisso internacional com o financiamento climático.
Desafios e obstáculos
O Acordo de Paris tem um problema estrutural: ele é baseado em metas voluntárias. Isso significa que os países podem estabelecer seus próprios objetivos e métodos para cumpri-los, sem penalidades em caso de descumprimento. Isso torna a pressão da sociedade civil, empresas e ONGs essencial para impulsionar ações mais ambiciosas.
Além disso, a saída dos Estados Unidos do Acordo durante a administração Trump foi um golpe para o financiamento climático global. Embora o país tenha retornado ao tratado sob o governo Biden, a instabilidade política ainda gera incertezas sobre o comprometimento a longo prazo.
O que esperar da COP30 e do futuro do Acordo de Paris?
A COP30 pode marcar a transição da fase de negociação para uma etapa de implementação mais concreta. Espera-se que o evento impulsione novas políticas e mecanismos para garantir que os compromissos climáticos se tornem realidade.
A questão central permanece: estamos agindo rápido o suficiente? Especialistas alertam que, sem cortes agressivos nas emissões e uma transformação acelerada do setor energético, o mundo poderá ultrapassar um ponto de não retorno em breve.
O Acordo de Paris gerou avanços inegáveis, mas o ritmo das mudanças ainda é insuficiente. Para que o tratado cumpra seu papel, será necessário um esforço global ainda maior, com políticas mais rígidas, investimentos maciços em energia limpa e um compromisso real dos governos e do setor privado. A COP30 será um teste definitivo para medir o futuro do combate às mudanças climáticas.