Como o biogás da agropecuária ajuda na demanda de energia nacional?

Como o biogás da agropecuária ajuda na demanda de energia nacional?

O biogás da agropecuária pode suprir ⅓ da demanda energética nacional. Entenda como desenvolver esse cenário.

É possível desenvolver o biogás na agropecuária? Nos últimos anos, o setor da agropecuária tem sido um dos principais responsáveis pelo crescimento da economia no Brasil. Acompanhando esse desenvolvimento, o setor da energia tem percebido nesse mercado uma forma de gerar energia e atingir as metas de sustentabilidade, como as que foram acordadas na COP26.

Com os resíduos e a biomassa do agronegócio, é possível aumentar a geração de biogás e biometano. O Brasil é um dos países com o maior potencial de produção de biogás do planeta, podendo alcançar 84,6 bilhões de metros cúbicos por ano, segundo estimativa da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (ABiogás). Em 2019, esse tipo de geração a partir da biomassa alcançou apenas 1,8 bilhão de metros cúbicos.

O biogás e o seu crescimento

O biogás é uma das energias renováveis que mais cresce no Brasil e no mundo, sendo uma fonte capaz de transformar um passivo ambiental em um ativo energético. Isso ajuda na promoção de uma gestão eficiente e inteligente de resíduos orgânicos. Em 2030, a produção do biogás deverá alcançar os 11 bilhões de metros cúbicos anuais, com o total de usinas saltando dos 548 registrados em 2019 para cerca de 1000 plantas.

O biogás pode ser utilizado como energia térmica, elétrica e convertido em biometano, apresentando vantagens para toda cadeia produtiva. De todo o biogás gerado no Brasil hoje, 8% pode ser transformado em biometano — que é a purificação do biogás — e os demais 92% são úteis para gerar energia elétrica. Diferentemente de outras fontes, como a hidrelétrica, no caso do biogás, a produção pode se dar no próprio local de consumo, reduzindo as demandas de infraestrutura de transmissão.

Os desafios para o setor, neste momento, incluem a ampliação da rede de distribuição de gás natural — já que o biometano é equivalente ao gás natural — e o aumento de investimentos para o setor. Segundo um estudo da empresa GeoEnergética, produzido em 2020, entre os estados com maior potencial para produção de biogás estão São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Pernambuco.

As vantagens ao investir no biogás da agropecuária

O Brasil poderia ser potência mundial em biogás. Contudo, em 2020, o país gerou menos de 2% do que poderia produzir. Segundo a Abiogás, se o biogás fosse utilizado em seu potencial máximo, poderia suprir cerca de 35% da demanda de energia elétrica no Brasil, com um potencial de produção de mais de 120 milhões de metros cúbicos por dia. Quase metade disso viria do segmento sucroenergético (49,2%), seguido pelo de proteína animal (30,2%), produção agrícola (15,4%) e a área de saneamento (5,2%).

Além disso, investir nessa fonte ajuda no cumprimento da função de captura de carbono, promovendo a descarbonização do setor agropecuário e dando um correto descarte dos resíduos produzidos. Se comparado com o diesel, o biometano que o biogás produz pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa em mais de 300%.

A ABiogás estima que os rejeitos dos suínos podem gerar 2,7 bilhões de metros cúbicos anuais de biometano, o suficiente para substituir quase 2,5 bilhões de litros de diesel. Esse material também poderia gerar energia elétrica suficiente para abastecer aproximadamente 5 milhões de casas mensalmente.

Outra vantagem é que o biogás pode ser utilizado desde o setor industrial até o de transporte, que são os que mais consomem energia no país. Em um cenário de crise energética, como o vivido atualmente, diversificar a matriz energética é fundamental.

Portanto, da mesma maneira que o agronegócio causa impactos da mudança climática, o setor também pode ser entendido como uma solução para reverter ou mitigar essa situação, tendo o biogás da agropecuária como fonte propulsora. Se você se interessou pelo conteúdo e quer ficar por dentro das novidades do setor energético, siga-nos nas redes sociais.