Biometano: Acelerando a Descarbonização da Matriz Energética Brasileira

É inquestionável que a transição para fontes de energia renováveis se tornou um imperativo global para combater as mudanças climáticas. A diversificação da matriz energética é um dos meios mais eficazes para reduzir as emissões de carbono, melhorar a segurança energética e promover o desenvolvimento sustentável. No contexto brasileiro, o biometano, produzido a partir do biogás, está emergindo como um componente significativo da transição energética, oferecendo uma alternativa verde para substituir os combustíveis fósseis.

Com mais de 800 unidades de biogás em operação no Brasil, metade das quais são destinadas à geração de energia, a indústria de biogás tem se mostrado um setor vibrante. Atualmente, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) autorizou seis usinas de biometano. De acordo com a Associação Brasileira de Biogás e Biometano (Abiogás), o biogás já movimentou mais de 3 bilhões de reais em investimentos, com um crescimento anual superior a 20%. Além disso, a expectativa é de que a produção chegue a 30 milhões de metros cúbicos por dia até 2030, equivalente a 25% do potencial atual.

Gabriel Kropsch, diretor-executivo da Abiogás, aponta que quase 500 mil metros cúbicos de biometano são produzidos diariamente no país. Até o final deste ano, a produção deverá aumentar para cerca de 900 mil metros cúbicos por dia. Esses números reforçam o potencial do biometano como uma fonte de energia limpa e renovável e destacam o compromisso do Brasil em alcançar seus objetivos climáticos.

A Gás Verde, a maior produtora de biometano da América Latina, é um exemplo inspirador dessa tendência. Com plantas de biometano em 6 estados brasileiros, produzindo 130 mil m³/dia de biometano e com expectativa de chegar a 580 mil m³/dia até 2026, é um marco no setor de energia renovável no Brasil, produzindo biometano de qualidade veicular, equivalente ao gás natural, a partir de resíduos orgânicos.

No caminho para a descarbonização, empresas brasileiras de diversos segmentos estão buscando aumentar a adoção do biometano. Especialmente nos setores automotivo e de logística de transportes, há um crescente interesse em substituir o diesel pelo biometano. O uso do biometano como combustível veicular pode ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, melhorar a qualidade do ar e promover a economia circular.

O Renovabio, um programa do governo federal para incentivar o uso de combustíveis renováveis, tem desempenhado um papel crucial nesse sentido. No entanto, Gabriel Kropsch ressalta que a iniciativa, por si só, não é suficiente para avançar no mercado de carbono. É necessário um esforço conjunto de políticas públicas, inovação tecnológica e investimentos para expandir o setor de biometano.

A experiência da Gás Verde demonstra que a produção de biometano é economicamente viável e traz benefícios ambientais substanciais. No entanto, é necessário criar um ambiente favorável para o desenvolvimento do mercado de biometano, que inclua medidas regulatórias e incentivos fiscais adequados, bem como o apoio à pesquisa e desenvolvimento.

Ainda assim, a introdução de metas de descarbonização mais ambiciosas e a implementação de políticas adequadas podem acelerar o crescimento do biometano no Brasil. O setor privado também tem um papel importante a desempenhar na promoção do biometano, através do investimento em novas tecnologias e da colaboração com o governo e outras partes interessadas.

Além disso, para aumentar a produção de biometano, é importante investir em infraestrutura, incluindo a construção de novas usinas de biogás e a melhoria das existentes. A capacitação de profissionais para operar essas usinas e a promoção de programas de treinamento em biogás e biometano também são passos necessários para impulsionar o setor.

O futuro do biometano no Brasil é promissor. Com o compromisso contínuo dos atores do setor, o apoio de políticas públicas e a crescente conscientização sobre os benefícios do biometano, o Brasil tem o potencial para se tornar um líder mundial na produção e uso de biometano, contribuindo significativamente para a descarbonização da matriz energética e o combate às mudanças climáticas.

Em última análise, a transição para uma economia de baixo carbono não é apenas uma necessidade ambiental, mas também uma oportunidade para impulsionar a inovação, criar empregos e promover o desenvolvimento sustentável. A jornada para a descarbonização pode ser longa e desafiadora, mas o biometano oferece uma solução viável e sustentável para alcançar esses objetivos.