Com a consolidação do RenovaBio em 2020, o mercado espera que as emissões de CBIOs atraiam até R$30 bilhões. Veja as perspectivas de crescimento.
O RenovaBio é uma política de reconhecimento do papel estratégico de todos os biocombustíveis utilizados no país. Esse projeto foi desenvolvido para facilitar a estipulação de metas, certificação das produções e a criação do crédito de descarbonização (CBIO). Assim, fica mais fácil valorizar e reconhecer a relevância de cada combustível — etanol, biodiesel, biometano, bioquerosene e segunda geração na matriz energética brasileira.
Criado em 2017, essa política não tem o objetivo de ser um imposto ou subsídio para o setor. A sua contribuição se dá na segurança energética, previsibilidade do mercado e a mitigação de emissões dos gases do efeito estufa do setor de combustíveis.
A importância do RenovaBio no desenvolvimento da cogeração
A cogeração é um processo que permite, com o uso de apenas um combustível, produzir simultaneamente calor e energia elétrica. Esse processo ocorre com a geração de energia por meio da biomassa.
A capacidade instalada de geração elétrica por biomassa cresceu 67% entre 2010 e 2015, mas nos últimos anos apresentou retração. Segundo os dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a biomassa representa hoje 8,8% da geração total de energia no país.
No mercado, há espaço para o crescimento da bioeletricidade. Estima-se que esse setor poderia entregar para a rede mais de 200 mil GWh, praticamente nove vezes a mais do total vendido em 2020.
Embora tenha sido criado em 2017, o RenovaBio só se consolidou em abril de 2020 quando os créditos de descarbonização (CBIOs) passaram a ser comercializados na bolsa de valores.
Assim, os especialistas do setor preveem que a oferta e demanda dos créditos devem se equilibrar nos próximos dois anos, exigindo que as usinas façam investimentos adicionais para expandir os canaviais, dando suporte ao avanço esperado da cogeração. Com essa consolidação, o mercado espera um melhor cenário daqui para frente.
O que são os créditos de descarbonização (CBios)?
O crédito de descarbonização (CBIO) é uma maneira de oferecer soluções para a economia de baixo carbono que empresas de todo mundo procuram: um ativo ambiental no setor de combustíveis que fomente a descarbonização dos processos. Esse programa prevê que usinas produtoras de biocombustíveis possam emitir os créditos após passarem por um processo de certificação auditável, realizado por certificadores independentes.
Cada crédito corresponde a uma tonelada de CO2 e as empresas distribuidoras de combustíveis fósseis têm o compromisso de comprá-los para mitigar suas emissões. A aquisição também é livre para outras empresas interessadas em reduzir suas pegadas de carbono. Assim, há um compromisso mútuo entre usinas para aumento da produção de biocombustíveis e na emissão de CBIOs, bem como das distribuidoras na compra dos títulos.
Segundo o levantamento do Itaú BBA, o volume de créditos emitidos em 2020 superou a meta inicial, alcançando 18,5 milhões de certificados. Em 2021, até a primeira quinzena de julho.
Com um equilíbrio do mercado, os valores devem crescer ano a ano até chegar ao patamar de 90 milhões de toneladas em 2030. Além dos benefícios ao meio ambiente, o projeto também impacta positivamente nos preços dos biocombustíveis para os consumidores. Especialistas acreditam que, em até dez anos, é possível atingir a neutralidade de carbono no setor de produção de energia no Brasil.
Portanto, em um ano de operação, já é possível perceber como o RenovaBio é importante para o desenvolvimento do setor de biocombustíveis e como esse mercado ainda tem possibilidades de crescimento.