Um sistema energético descentralizado é necessário para um ecossistema mais resiliente e menos dependente de combustíveis fósseis.
Desde a Revolução Industrial, o sistema energético mundial se concentra no uso de combustíveis fósseis para gerar energia e manter toda a cadeia produtiva em movimento. Ao longo do tempo, essa dependência gerou choques globais e consequências geopolíticas, uma vez que países detentores de poços de petróleo centralizam poder pela necessidade de outras nações em comprar essa commodity.
Assim, um sistema energético descentralizado e com uso de fontes renováveis é o caminho para a mudança necessária. Além da descentralização, a descarbonização e a digitalização compõem os 3Ds de energia que fomentam a construção de um novo modelo de mercado. O objetivo é alcançar uma maior eficiência energética por meio de fontes renováveis, utilizando novas tecnologias e estimulando a geração distribuída.
O que é um sistema energético descentralizado?
O país que possui um sistema energético descentralizado deixa de ser dependente de uma única fonte de energia ou de países que concentram a produção de petróleo ou outras commodities energéticas. No passado, o petróleo e seus derivados eram as opções mais abundantes e baratas, por isso, não havia tanto desenvolvimento e adesão de soluções mais sustentáveis.
Mas, em um futuro próximo, milhões de sistemas descentralizados serão de propriedade individual, aumentando a participação no mercado por produtores individuais ou pequenas empresas geradoras, em um mercado que antes era território exclusivo de grandes empresas ou empresas estatais reguladas pelo governo.
Com o avanço da descentralização, desenvolve-se também a tecnologia, que vai facilitar ainda mais a geração e armazenamento energético. Hoje, um dos grandes entraves para o desenvolvimento do setor é a vida útil das baterias, mas a expectativa é de que sua capacidade seja expandida quase 130 vezes até meados do século.
As ações do Brasil para a descentralização
No Brasil, a essência da descentralização do setor elétrico está na geração distribuída. Conforme novas fontes vão ganhando relevância na matriz, mais investimentos ocorrem, aumentando a adesão e, consequentemente, impactando na descarbonização.
Com a normatização da geração distribuída em 2012 e a criação do marco da GD em 2022, o modelo tradicional de geração centralizada passa por mudanças significativas. Com uma demanda descentralizada, a estrutura se torna mais complexa, demandando mais tecnologia para controlar toda a operação.
O Plano Decenal de Expansão de Energia 2030 (PDE 2030) mostra uma expansão significativa da geração distribuída de 4,2GW em 2020 para 24,5GW em 2030, enquanto há uma redução da capacidade instalada de carvão, diesel e óleo, um reflexo da descarbonização.
A descentralização do sistema energético também permite o florescimento de novos modelos de negócios e uso de outras fontes ainda não tão exploradas, como o biogás produzido através da biomassa e o hidrogênio. Ambas opções são mais sustentáveis que os combustíveis fósseis, mas ainda estão se desenvolvendo, principalmente no Brasil, atraindo novos interesses, conforme o custo-benefício dessas opções vão se tornando mais viáveis.
Portanto, um sistema energético descentralizado estimula o investimento em novas fontes, trazendo novas oportunidades para o mercado e contribuindo com a preservação do meio ambiente e a diminuição do aquecimento global. Gostou do conteúdo? Para não perder nenhuma novidade, siga-nos nas redes sociais.