Volume de projetos RSU surpreende para primeiro leilão

Volume de projetos RSU surpreende para primeiro leilão

Projetos de RSU começam a se desenvolver no país. Cadastros realizados para o leilão A-5 trazem boas expectativas para o setor.

O leilão de energia nova A-5 previsto para ser realizado no dia 30 de setembro de 2021, levou ao cadastramento de quase 94 GW. Segundo os dados divulgados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), as maiores fontes cadastradas foram a solar, seguida por gás natural e eólica. No certame, houve destaque também para o modelo de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), que estreou no leilão de forma positiva. Foram 315 MW cadastrados em projetos RSU, totalizando 0,33%.

Apesar de uma participação pequena, a Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) mostrou-se otimista com a adesão. Os projetos RSU foram incluídos em um leilão específico, portanto não disputarão com outros empreendimentos, apenas entre iguais. Para o setor, é um bom indicativo, que deve abrir portas para novos projetos. A EPE destaca que a entrada de novos modelos é importante, pois dá maior diversidade na matriz elétrica brasileira, além de dar melhor destinação aos resíduos sólidos.

A importância das inclusões de projetos RSU

Com a crescente geração de resíduos sólidos urbanos (RSU), os municípios precisam pensar em maneiras para melhorar o descarte dos resíduos. Os municípios pagam R$ 100 por tonelada recebida de aterro. Além disso, precisa arcar com custos decorrentes de doenças e problemas associados ao lixo urbano.

Assim, o modelo Waste-to-energy (WtE) surge como uma opção. Nele, é possível transformar resíduos em energia, gerando eletricidade ou calor a partir de um tratamento primário/processamento de resíduos em uma fonte de combustível. Portanto, o WtE é uma forma de recuperação de energia.

Em 2020, o Ministério de Minas e Energia incluiu a recuperação energética de resíduos nos leilões de energia de 2021. Para ABREN, essa ação serviu como alavanca da efetivação das condições de mercado para a implementação da primeira usina de Wte no país, trazendo mais oportunidades de negócio para o setor e potencializando o interesse do Brasil tanto para investidores internos quanto internacionais.

No Brasil, existem 28 regiões metropolitanas com população acima de 1 milhão de habitantes e 35 municípios com população acima de 600 mil habitantes. Ou seja, a média de Poder Calorífico Inferior (PCI) médio é de 7.500 kj/kg, em 8.000 horas por ano dá uma potência de 250 plantas de WTE. Isso seria suficiente para atender quase 7% da demanda nacional de eletricidade, cerca de 30,65 TWhe/ano.

Quais as perspectivas de crescimento do modelo?

Por ser o primeiro certame, o volume de projetos cadastrados surpreendeu o setor, explicou Yuri Schmtike, presidente executivo da ABREN. Do total cadastrado, 131 MW já estão licenciados e, para o ano que vem, a expectativa é de que mais 12 projetos de 30 a 50 MW de potência instalada entrem com o licenciamento estadual. O leilão deu um sinal econômico para os investidores começarem a trabalhar em novos projetos e iniciarem o licenciamento.

Embora o país não tenha nenhuma usina WTE em operação comercial, há vários projetos em desenvolvimento em vários estágios. O custo desse tipo de produção é de R$ 600/MWh, mas é possível considerar que se evita o custo de transmissão, transporte do lixo, saúde pública, atingindo um custo real de R$113/MWh.
Além de dar um correto destino aos resíduos sólidos, o modelo também reduz em 8 vezes as emissões de gases do efeito estufa quando comparado com aterro sanitário com captura de gás. O modelo Waste-to-energy é uma opção de baixa intermitência, com garantia de geração contínua e ininterrupta, trazendo diversificação e segurança para a matriz energética brasileira.

Portanto, depois do primeiro leilão, será possível avaliar melhor os impactos desse modelo, mas o mercado já vê com otimismo a inclusão dos projetos RSU nos leilões. Essa inclusão abrirá um caminho para novos investimentos no setor energético. Gostou do nosso conteúdo? Deixe o seu comentário no post.