Entenda o que é o programa metano zero

O programa metano zero tem o objetivo de ajudar o Brasil a atingir as metas de redução de gases do efeito estufa e neutralidade de carbono.

O Governo Federal lançou, em março de 2022, o programa metano zero. O objetivo do projeto é estimular a transformação do gás, que é prejudicial ao efeito estufa em biocombustível com financiamento dos bancos públicos.

Depois da regulamentação do novo Marco Legal de Resíduos Sólidos, criado por meio do Decreto 10.936 de janeiro de 2022, o próximo passo do governo é a criação do programa de metano zero.

Para especialistas, o Brasil possui grande potencial de produção de biometano, que pode vir tanto dos resíduos urbanos quanto dos rurais, especialmente de aves, suínos, açúcar e álcool. Segundo estimativas da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o Brasil tem potencial de produzir, até 2030, cerca de 30 milhões de metros cúbicos por dia de biometano. Na prática, o biocombustível pode substituir o diesel de máquinas pesadas, além de ajudar o meio ambiente, dando correto descarte aos resíduos, favorecendo a economia circular.

O que é o programa metano zero?

Durante a COP 26, realizada em novembro de 2021, o Governo Federal aderiu, junto com mais de 100 países, ao esforço global para reduzir em 30% as emissões de metano até 2030 em relação aos níveis de 2020. Assim, o Brasil tem uma grande oportunidade para demonstrar seus esforços no contexto de uma nova economia verde global.

O Programa Nacional de Redução de Metano de Resíduos Orgânicos – Metano Zero tem o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, custos de combustível e energia, transformando os produtores rurais e gestores de aterros sanitários em fornecedores de combustível e energias limpas e renováveis, além do importante subproduto — os biofertilizantes — com alto valor para a agricultura.

Além do Governo Federal, o programa contará com a participação do setor privado, sociedade civil e setor científico, para juntos desenvolver o setor com cooperação para o financiamento, capacitação e difusão de tecnologia.

Como medidas de incentivo, o governo promoverá linhas de crédito e financiamento específicas para implantação de biodigestores, implantação de sistemas de purificação de biogás, produção e compressão de biometano e outras tecnologias. Além disso, a desoneração tributária para a criação de infraestrutura relacionada com projetos de biogás e biometano são fundamentais para o desenvolvimento do modelo.

O programa metano zero também deve dialogar com o mercado de carbono, gerando receitas adicionais a projetos que promovam a redução de emissões de GEE’s para a atmosfera. O mercado de carbono pode acrescentar aos benefícios a serem atingidos pelo programa, créditos gerados pela redução das emissões de metano oriundas dos resíduos orgânicos, bem como pela emissão evitada de carbono com a substituição de combustíveis fósseis.

A importância do biogás nessa mudança

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o metano é 80 vezes mais perigoso para o aquecimento global do que o dióxido de carbono. No setor da agropecuária, o metano surge das liberações gastroentéricas dos animais e do esterco. Com técnicas para transformar o gás em um biocombustível, é possível substituir o diesel usado em veículos e máquinas pesadas na linha de produção.

Assim, o biometano é o gás proveniente do tratamento do biogás que, por sua vez, é gerado pela decomposição biológica de matéria orgânica, como RSU, lodo e esterco animal. Ele pode ser utilizado na geração de energia ou uso veicular. Por exemplo, uma carreta transportadora de suco de laranja, quando abastecida com gás gerado por resíduos agrícolas, reduz em 85% a emissão de dióxido de carbono (CO2) em relação ao óleo diesel.

Com o tamanho da agropecuária no Brasil, especialistas dizem ter em mãos o “pré-sal caipira”, pois é uma matriz enorme e ainda não explorada de combustível. Se todos os resíduos produzidos hoje, tanto da agroindústria quanto do saneamento, fossem aproveitados, seria possível suprir 35% o consumo de energia elétrica do país e 70% a demanda de diesel.

Portanto, projetos como o programa metano zero fazem parte dos esforços para alteração da matriz energética e da mobilidade produtiva com incentivo à bioeletricidade e ao uso do biogás e do biometano. Se você gostou do conteúdo, siga-nos nas redes sociais e não perca nenhuma novidade.