A humanidade se aproxima perigosamente do limite de 2°C, com consequências irreversíveis e a necessidade urgente de ações climáticas.
Um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgado no final de maio de 2025, acende um alerta global sobre a aceleração do aquecimento do planeta. Com base em 220 simulações de 15 centros de pesquisa climática, o documento projeta um cenário preocupante para os próximos cinco anos, indicando que o mundo está cada vez mais próximo de ultrapassar os limites seguros do clima.
O Alerta da OMM
O relatório da OMM aponta uma probabilidade de 80% de que pelo menos um ano entre 2025 e 2029 supere 2024 como o mais quente já registrado. A previsão é que a temperatura média global fique entre 1,2°C e 1,9°C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900) nesse período. No pior cenário, o mundo pode alcançar quase 2°C antes de 2030, o que provocaria consequências ambientais irreversíveis.
Há uma probabilidade de 86% de que 1,5°C seja ultrapassado em pelo menos um dos próximos cinco anos, em comparação com 40% no relatório de 2020. Além disso, existe uma chance de 70% de que a média de todo o período de cinco anos (2025-2029) ultrapasse esse limiar crítico.
Impactos Regionais e Globais
O aquecimento acelerado do Ártico deverá continuar a ultrapassar a média global, sendo mais de 3,5 vezes maior que a média global nos próximos cinco invernos, atingindo 2,4°C acima da média do período de referência recente (1991-2020). A previsão é de novas reduções drásticas na concentração de gelo marinho nos mares de Barents, Okhotsk e Bering até 2029.
Os dados revelam que o avanço do aquecimento global já é visível no aumento das ondas de calor mais prejudiciais, eventos extremos de precipitação, secas intensas, derretimento de geleiras e aumento do nível do mar. Em janeiro de 2025, por exemplo, foi registrado o mês mais quente da história, com temperaturas médias globais 1,75°C acima dos níveis pré-industriais.
O Acordo de Paris e a Realidade
O Acordo de Paris, que completa 10 anos em 2025, estabelece como meta limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2°C, preferencialmente a 1,5°C, em relação aos níveis pré-industriais. Para conter o aquecimento em 1,5°C até 2050, seria necessário reduzir as emissões em 43% até 2030, tomando como base os níveis de 2019, e zerar as emissões líquidas até 2050. No entanto, no ritmo atual, o planeta deve reduzir apenas 3% até 2030, uma meta muito abaixo do necessário.
A vice-presidente executiva da Comissão Europeia para a Transição Limpa, Justa e Competitiva, Teresa Ribera, afirmou em 2 de julho de 2025 que a “cobardia política” está prejudicando os esforços europeus para enfrentar os efeitos da crise climática.
A Urgência da Ação
O relatório da OMM e os eventos climáticos extremos reforçam a necessidade de reduções imediatas e profundas de emissões em todos os setores para evitar os piores cenários. A importância de monitoramento de dados científicos e previsões climáticas é crucial para subsidiar a tomada de decisões.
Em Belém, Pará, o Congresso Sustentável 2025, que ocorreu nos dias 1 e 2 de julho, reuniu lideranças para debater a transição para uma economia neutra em carbono, com foco em soluções para a crise climática. O evento buscou impulsionar o avanço de uma economia neutra em carbono, regenerativa e socialmente inclusiva, posicionando o Brasil como um dos principais articuladores globais na corrida pela neutralidade climática e pela justiça ambiental.