Como ocorre o processo de recuperação energética de resíduos sólidos? Entenda, neste conteúdo, o que é, os benefícios e previsão do modelo no país.
A recuperação energética de resíduos sólidos é um processo em que o resíduo se torna energia térmica e/ou elétrica. Atualmente, essa opção é uma alternativa para a destinação correta de resíduos sólidos que se tornou um problema, principalmente, em grandes cidades.
Com a tecnologia empregada, é possível transformar o RSU em energia elétrica e térmica, aproveitando o alto poder calorífico contido no lixo, tornando-o em combustível. Para que isso ocorra, a tecnologia de recuperação energética utiliza a incineração, gaseificação, pirólise, coprocessamento e digestão anaeróbia.
O método de reaproveitamento é utilizado em diversos países, como Alemanha, Estados Unidos, Japão e Suíça, sendo uma alternativa aos aterros sanitários. No Brasil, desde a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e, recentemente, o Atlas de Recuperação Energética de Resíduos Sólidos tem desenvolvido maneiras do modelo energético se desenvolver no país.
Como ocorre o processo de recuperação energética de RSU?
As energias térmica e elétrica são geradas através da queima desses resíduos. O processo ocorre quando o vapor gerado movimenta as pás da turbina do gerador, que alteram o fluxo do campo magnético em seu interior. Assim, é produzida a energia sem a geração de efluentes líquidos.
Essa energia pode ser gerada em uma Usina de Recuperação Energética. Uma URE é qualquer unidade dedicada ao tratamento térmico de resíduos sólidos urbanos, reduzindo o volume e a periculosidade dos RSU. No mundo, existem cerca de 2.500 usinas desse modelo, sendo apenas 100 na América Latina e nenhuma em funcionamento no Brasil.
As plantas de WtE conseguem processar de 50.000 a 300.000 toneladas de materiais no ano. Conforme a Portaria Interministerial n.º 274, de 30/04/2019, os materiais que podem ser aproveitados para a recuperação energética são resíduos provenientes de atividades domésticas, como restos de comida, materiais higiênicos e plásticos; de limpeza urbana, oriundos de varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e demais serviços e resíduos comerciais classificados como não perigosos, ou seja, compostos predominantemente de orgânicos, recicláveis e rejeitos.
Já os resíduos sólidos gerados nesse processo, como as cinzas residuais podem ser aproveitadas na construção civil, para a produção de cimento. Dos materiais permitidos, o plástico é o mais utilizado, conseguindo produzir cerca de 650kW/h de energia por tonelada, suficiente para abastecer um domicílio de tamanho médio durante 100 dias.
Benefícios da recuperação energética de resíduos sólidos
Em comparação com os aterros sanitários, as Usinas de Recuperação Energética contribuem com a economia circular ao lidar com resíduos não recicláveis que, de outra forma, seriam depositados em aterros. Além disso, há um enorme potencial de redução de gases do efeito estufa (GEE) na gestão de RSU ao deixar de utilizar os aterros. Segundo a Agência Ambiental Europeia (EEA), entre 1995 e 2017, houve uma redução de 42% de emissão de GEE a partir dessa mudança.
O modelo de recuperação energética de resíduos sólidos também traz benefícios com a geração de empregos e na redução dos custos de atendimento com saúde pública. Afinal, além de gerar energia, ele reduz externalidades causadas pela geração de resíduos. Embora ainda seja um modelo em desenvolvimento no país, em setembro de 2021, ocorreu o primeiro leilão de recuperação energética de RSU.
Em São Paulo, um aterro sanitário dará lugar a uma planta de biometano a partir do biogás produzido no local. O projeto está previsto para operar a partir de 2024. Além disso, há estudos ocorrendo para viabilidade de implementação no Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima com um potencial de 136 milhões de metros cúbicos por ano de biogás. Com 28 regiões metropolitanas com mais de um milhão de habitantes e 35 municípios de 600 mil habitantes o potencial de implantação de 250 plantas, atenderia 8% da demanda nacional de energia com o investimento necessário de R$ 200 bilhões.
Assim, a previsão é de que o modelo de recuperação energética de resíduos se desenvolva no país nos próximos anos. Gostou do nosso conteúdo? Siga-nos nas redes sociais e não perca nenhuma novidade.