O biometano produzido a partir de resíduos urbanos e agroindustriais é capaz de reduzir em até 96% as emissões de CO2 nos transportes. Entenda o potencial.
Na busca pela descarbonização da matriz energética, o biometano surge como uma opção interessante, principalmente, para o setor dos transportes. Mas, antes de compreender de fato a importância do biometano, é preciso compreender o que é o biogás e como esses gases são gerados.
O biogás e o biometano podem ser gerados a partir de lixo doméstico orgânico — os Resíduos Sólidos Urbanos (RSUs) — resíduos industriais de origem vegetal ou dejetos de animais. O potencial de geração de energia a partir do lixo, por exemplo, poderia superar os 6 milhões de m³ por ano, trazendo um benefício ambiental ainda maior. Todo esse gás produzido seria capaz de gerar 19 GW de energia elétrica renovável, ou quase o equivalente a duas usinas de Itaipu.
Assim, esse é um modelo que possibilita a transformação de um passivo ambiental em um ativo energético. Além disso, há outros benefícios, como o custo competitivo na geração de energia, pois o gás pode ser produzido localmente, reduzindo grandes extensões de construção de linhas de gasodutos.
O potencial do biometano no Brasil
Após as etapas de purificação do biogás, o resultado é o biometano com elevado teor de metano em sua composição. Ele reúne características que o torna intercambiável com o gás natural em todas as suas aplicações ou passível de ser transportado na forma de gás comprimido.
Para conseguir descarbonizar a matriz e fazer uma transição energética, é preciso encontrar alternativas para os combustíveis fósseis. No Brasil, o etanol já substitui 48% da gasolina consumida no país. Para substituição do diesel, já temos o biodiesel e de forma crescente o biometano vem sendo uma opção ao gás natural. O biometano possui as mesmas propriedades, porém é produzido a partir de resíduos sólidos da agroindústria ou até mesmo do lixo residencial orgânico.
Assim, o biometano é tratado como um biocombustível verde e carbono negativo, sendo uma fonte energética fundamental para o alinhamento das metas ESG e promovendo a economia circular.
Esse gás foi regulamentado no Brasil somente em 2020, mas a tecnologia vem se desenvolvendo rápido no país. Em 2021, 45 novas usinas foram inauguradas, aumentando em 37% a produção do gás. Para os próximos anos, a expectativa é positiva com a produção podendo saltar de 500 mil m³/dia para 30 milhões de m³/dia até 2030 com investimentos de R$ 50 bilhões no modelo.
A Urca Energia, na qual a EPP é associada, é a maior produtora de biometano do Brasil, com uma planta em Seropédica que produz 120 mil m³/dia de biometano a partir do biogás gerado em aterros sanitários e com perspectiva de produção de 200 mil m³/dia em 2023. Também conta com duas térmicas a biogás em Nova Iguaçu e São Gonçalo que serão substituídas por plantas de biometano até final do ano que vem.
O que podemos esperar desse gás nos próximos anos?
O biometano é um combustível que está presente em todo o Brasil e que contribui para a geração de empregos qualificados e renda em todo o país. Atualmente, São Paulo e Rio de Janeiro lideram a produção de biometano, com uma capacidade instalada de produção próxima de 200 mil m³/dia cada. No Rio, mais de 30 postos de combustíveis já vendem biometano e, em São Paulo, o uso é majoritariamente industrial. No entanto, outros estados, como o Ceará, também vêm avançando na área.
Em 2022, o Governo Federal pretende lançar um programa nacional de biometano. O programa Metano Zero tem o objetivo de estimular o financiamento de grandes bancos para aumentar a geração do gás que vem de resíduos urbanos, rurais, especialmente de aves, suínos, açúcar e álcool. O programa ainda está sendo estruturado, mas a expectativa é que ele dialogue com o mercado de carbono.
Além dos investimentos e estímulos previstos pelo Governo Federal, a necessidade de mudança e a popularização da tecnologia tem criado estímulos para que as inúmeras empresas consigam adotar o biometano como combustível para mover as suas operações industriais e logísticas.
Portanto, com incentivos para o desenvolvimento, é possível que nos próximos anos o biometano se torne um importante combustível para a transição energética. Se você ainda tem alguma dúvida sobre o assunto, entre em contato.