Leilão A-5: projetos de biomassa surpreendem!

Leilão A-5: projetos de biomassa surpreendem!

Leilão A-5 realizado no final de setembro de 2021 atraiu investimentos da ordem de R$ 3,067 bilhões. Confira os destaques do certame.

Realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), no dia 30 de setembro, o Leilão A-5 terminou com 151 MW médios negociados. O valor médio foi de R$ 238,37 MW/h e o deságio foi de 17,48%.

A biomassa totalizou 531 lotes, somando 301,2 MW de capacidade negociados a um preço médio de R$ 271,26 MWh com um desconto de 25,68% O destaque entre as fontes mais contratadas foi a biomassa da cana, com 489 lotes, representando 32,3% do total comercializado. Os lotes foram divididos em cinco empreendimentos envolvendo a biomassa sucroenergética e um projeto com cavaco de madeira. Os vencedores terão início de suprimento a partir de janeiro de 2026, em atendimento à demanda das distribuidoras.

Leilão A-5: a importância de projetos de biomassa

Os contratos negociados no certame para a fonte da biomassa terão duração de 20 anos, com a previsão de entrega de 9.309.492 MWh. Além de empreendimentos de biomassa, o leilão previa a contratação de energia proveniente de projetos de geração hídrica, eólica, solar, térmicas de carvão mineral ou gás natural e térmicas que utilizam os resíduos sólidos urbanos (RSU) como fonte. O certame também foi marcado pela estreia da contratação de energia a partir do RSU, efetivando a primeira usina deste tipo no país, que será no modelo Waste to Energy – WTE.

Embora o volume contratado de energia a partir da biomassa tenha sido pequeno, a liderança desses projetos mostra o reconhecimento da fonte como uma ponte para transição energética e diversificação da matriz brasileira. Assim, esses dados mostram que essa fonte poderá, rapidamente, se destacar nos próximos leilões de energia elétrica.

Desde o estabelecimento de novas metas de descarbonização da matriz energética, a biomassa tem se destacado por alguns fatores. Primeiramente, ela entrega uma energia não intermitente e renovável ao sistema, tornando-se uma garantia do futuro para evitar apagões. Além disso, o quantitativo contratado no leilão A-5 vai evitar a emissão estimada de quase 3 milhões de toneladas de CO2 no período, marca que somente seria atingida com o cultivo de 18 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos.

O futuro da biomassa

Além de ser uma importante fonte para a geração de energia, a biomassa também é uma matriz importante para a geração de combustível renovável. O setor de biocombustíveis do Brasil apresentou resultados expressivos em 2020.

Por meio da biomassa, é possível gerar o biogás, que purificado, leva ao biometano. Em 2020, com 638 usinas de biogás, o país produziu cerca de 5 milhões de metros cúbicos por dia de biocombustível. Se um dos entraves para o crescimento de termelétrica são os danos ambientais, atualmente já existem soluções e tecnologias para conversão energética da biomassa que são viáveis em nível comercial. Por meio de processos como pirólise, gaseificação, combustão e co-combustão se produz etanol de segunda geração, diesel verde, querosene, fertilizantes e outros produtos. Dessa forma, abre-se uma possibilidade de mudar o panorama energético do Brasil. Assim, por meio dos investimentos em combustíveis renováveis abre-se novas possibilidades para que o país consiga atingir metas importantes, como a descarbonização do setor de transportes.

Portanto, o Leilão A-5 pode ser considerado exitoso com destaque para os projetos de biomassa, energia contratada a partir de projeto de RSU e a economia gerada. Com o sucesso nas negociações, os contratos fechados por preço abaixo do valor nominal, a economia obtida foi de R$ 1,269 bilhão.